quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Personagens



O Herói de África;


Bem sei, que em toda a historia do nosso país as personagens que deveriam ser lembradas são mais do que as que a nossa capacidade no geral suporta. Mas se todos pensasse-mos assim não haveria escola. pois ninguém seria capaz de decorar todas as disciplinas que se ensinam. Mas seria de esperar que, junto com as "más" historias de portugal se contasse também as "boas" historias. refiro-me a feitos positivos, realizados por personagens de remonta. Não digo que não se ensinem os triunfos da nação, mas a ideia com que os alunos ficam da historia de portugal é de governantes inconscientes que não se interessam pelas condições em que vive o seu povo... e os que se interessam acabam por "meter o pé na argola" por assim dizer. Deveriam ser "cantados", para utilizar os termos poéticos, as personagens e seus feitos, pois ja quando eu fiz o meu ensino basico e secundario, nem vestigios orais destas personagens surgiam nas salas de aula. Nesta sequência de pensamento vou falar de uma personagem que me cativou acima de muitos outros. E por muitos aspectos, pela sua personalidade, pelo seu carácter, pelas suas condutas, pelos seus feitos, e pela sua dignidade aquando do seu regresso em que se falava de um envolvimento seu com a rainha.


Vou fazer uma breve apresentação ao Major Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque. Aqueles que ainda o estudaram poderão estar agora a fazer mentalmente associações a nomes como "Chaimite", "O leão de Gaza", "Campanha de pacificação" ...

O grande Mouzinho de Albuquerque nasce a 12 de Novembro de 1855, no concelho da Batalha, na freguesia de santa Maria da vitoria. Infelizmente, nem um artigo de um blogue deve ser tão grande, nem a mim me cabe fazer uma biografia detalhada deste soldado Português, pelo que vou referir os passos importantes que deu na sua vida. Aos 16 é já praça no regimento de cavalaria 1. Frequenta a escola politécnica e a escola do exercito e segue o curso de cavalaria. em 1876 envereda pelos reg. de cavalaria 2 e 4 onde é promovido a alferes em 76 e em 84 a tenente. Com 24 anos vai para a Universidade de Coimbra. o seu carácter e sentido de obrigação impelia-o a assistir as aulas sempre fardado. devido a uma doença e um acidente é impossibilitado de prosseguir o estudo, enquanto esta imobilizado lê sobre a índia, Brasil e África. tão importante como Mouzinho é a senhora com que casa, D. Maria José de Albuquerque Mascarenhas de Mendonça Gaivão, que se tornou na sua confidente.

Uma pequena nota: sou capaz de garantir que, 99% das pessoas abaixo dos 20 anos nao sabe quem foi, ou o que fez este Heroi, contudo, se pensar-mos bem, depois de Mouzinho morrer em 1902, quem mais figura como grande Heroi da naçao? existe um certo desvanecer de personagens aclamadas nacionalmente apartir do seculo XX, e procurando em livros nao é muito dificil de descobrir um rol destes que tanta esperança e uniao deram aos portugueses no inicio do seculo. podem-se referir alguns elementos das guerras coloniais dos anos 60 e 70, mas nunca com uma envergadura de importancia como a que (pelo menos deveria) foi atribuida a mouzinho.

Aos 31 Mouzinho é enviado. ja capitão, para a índia, como fiscal das linhas de ferro. a 10 de Junho de 1890 deixa a Índia para seguir para Moçambique, para onde ja sonhava ir desde que chegara à Índia, e talvez já antes.

A partir deste momento sou obrigado a enquadrar a realidade do Moçambique do século XIX. As fronteiras estabeleceram-se com base em 2 tratados assinados com os Britânicos (1815 - 1817), os limites costeiros consistiam-se por, a norte o Cabo Delgado e a Sul o porto de Lourenço Marques. como não podia deixar de ser, os ingleses tinham que vir "meter o bedelho" nos seus "mais velhos" aliados, e utilizando uma expedição como disfarce, enviaram um oficial de marinha negociar com alguns régulos (tribos que se assumiam como, ás ordens d'El rei Português) concessões á coroa Britânica, desrespeitando obviamente os tratados assinados. desta maneira, Portugal perde as ilhas Inhaca e dos Elefantes, e com arrogância, la, içam rapidamente a bandeira Britânica. alguma coisa estes teriam que fazer para recuperar da vergonha da expulsão e perda de colónias na América do norte. felizmente nem todo o bom senso estava perdido, e recorrendo ao livre arbítrio, presidido por elementos franceses, portugal recebe votos de ter razão. Moçambique mantém Lourenço Marques. para resumir um pouco a situação, a corrida a África levara a que instabilidades se gerassem nos territórios colonizados e entre os próprios países que tinham pretensões. o que acontece é que, potencias com grandes pretensoes estratégicas cobiçam o excelente porto de Lourenço Marques, e de modo a conseguirem ocupar o território Português, criam insurreições dentro dos régulos para enfraquecer a presença militar portuguesa para fazerem, como fizeram nas guerras peninsulares, e auxiliarem os velhos aliados através de ocupações militares. e então seria Adeus moçambique, como disseram os Holandeses á África do Sul durante as guerras Napoleónicas, igualmente ocupada por Britânicos. Isto de, os territórios de sua Majestade se alargarem por um quarto do globo já vem de há muito.

Foi neste campo que o Major Mouzinho de Albuquerque fez a diferença em Moçambique. a Sua missão foi de terminar com os distúrbios dos régulos e pacificar a zona. Ora, a organização dos indígenas era por reinos, e o mais importante era o reino dos Vátuas, cujo rei era o famoso "Leão de Gaza", o Gungunhana, ou "Ngungunyane". o seu império possuía mais de milhão e meio de pessoas, e, descendentes dos Zulus sul Africanos, guerreiros aguerridos. Gungunhana constantemente desrespeitava a autoridade portuguesa e não prestava honra as relações que seu pai, Muzila, retinha com a coroa Portuguesa. pelos vistos, para compensar mantinha boas relações com comerciantes e conselheiros Alemães, e com a própria rainha Victoria. um episódio relata bem estas relações, quando um vapor inglês subia o Limpopo carregado de armas para armar os Vátuas, quando, a bordo do Mc Mahon , Mouzinho aprisiona a embarcação inglesa. como administrador de Lourenço Marques, Mouzinho fez seu objectivo capturar Gungunhana, achando, e bem, que poderia assim tomar "as rédeas" nesta zona de Moçambique.

Na segunda parte deste artigo falarei das campanhas de pacificação em Moçambique nas quais Mouzinho acaba por participar e encerrar, terminando com as rebelias dos régulos que durou até meados nos anos 60 do século XX, para desapontamento de Mouzinho caso este fosse vivo.

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