sexta-feira, 31 de outubro de 2008

- Intermissão - (Chamada de atençao!)



(Nota do editor: Publico este artigo a pedido da minha colega e amiga, Marta Cruz, que se depara com um problema na sua terra.)





foto 1: Panorâmica do rio de Frades por Gustavo Santos


"Eco-Idiotas" ou nem por isso?




A possibilidade da construção de mini-hidricas nos rios Paiva e Paivô, na zona de Arouca, tem levantado uma acesa discussão sobre o assunto.

A primeira conclusão a que todos os envolvidos chegam... é de que não existe informação divulgada, principalmente para as comunidades directamente envolvidas, e quando esta é providenciada, nem sempre é feita com a totalidade dos factos ou mesmo com a veracidade total que é pedida em casos tão delicados.

É porque tento ir ao encontro dessa falta de informação que escrevo este comentário. o meu objectivo principal (em total consciência) a não e a paragem deste projecto, uma vez que em relação a isso pouco se pode fazer. Não quero é que este assunto avance sem pelo menos a voz da minha "eco-idiotice" seja ouvida, e em bom som!

Em primeiro lugar gostaria de mencionar o projecto "Directivo do quadro da agua", projecto que promove a melhoria da qualidade das águas portuguesas até 2016. De sublinhar que quando se fala em qualidade das águas, não é só do liquido em si. Todos os sistemas envolventes a este, nomeadamente, habitas e vegetação são importantes para se obter um elevado indicador da qualidade da agua.

Em segundo lugar, gostaria de avançar com uma pequena explicação do que é uma mini-hídrica. é uma central hidro-eléctrica de pequenas dimensões que converte a energia potencial e cinética da agua em energia eléctrica, mas sempre inferior a 10 MVA (megavolte ampere). estes complexos devem sempre respeitar o "caudal ecológico" essencial para a manutenção da vida no rio em questão e logo, todos os sistemas a ele ligados.

As consequências da construção de mini-hidricas vão desde a passagem de um caudal regular, tanto diariamente, como anualmente , o que pressupõe mudanças de temperatura da agua, percentagem de áreas submersas, aumento de sedimentação provocado pela rápida erosão provocada pela abertura das comportas.

tudo isto contribui para uma mudança das espécies aquáticas, sistemas de Macro-invertebrados dos locais em questão, bem como uma diminuição da qualidade das águas.

Agora chega a hora de levantar questões:

1) se o quadro directivo exige, por lei, uma melhoria da qualidade das águas até 2016, e se a construção de mini-hidricas põe em causa a qualidade desta, em que ficamos?

2) se é exigido, mais uma vez por lei, a existência de um caudal ecológico que seja responsável pela qualidade da agua e pela manutenção da vida nos rios, porque razão é que a inspecção se deixa enganar, quando toda a gente sabe que os directores destes centros só vem o lado económico da situação?

3) Se as mini-hidricas estão autorizadas a produzir apenas 10 MVA (fracção de energia insignificante), será realmente rentável construir uma instalação deste tipo num concelho premiado com o projecto Geoparque, mas acima de tudo em qualquer concelho deste país?


e já agora... se a produção de energia eléctrica não esta directamente relacionado com a qualidade das águas, porque não se controem mini-hidricas em rios já poluídos?

Ao não contribuir para a melhoria dos rios imundos e ao contribuir para a degradação dos rios Paiva e Paivô (que por acaso foram considerados dos mais limpos da Europa) não parece possível concretizar o projecto Quadro da Agua.

Mais grave ainda, caso não se saiba, muita da população portuguesa vive ainda daquilo que o campo tem para oferecer, e comprar agricultores com palavras e sonhos de melhores condições de acesso aos campos (principalmente por pontes que passaria por cima das instalações) não me parece ser a melhor ideia, uma vez que mais cedo ou mais tarde, estes vão se aperceber que basta abrir as comportas para que a ponto fique submersa e os campos destruídos.

Na minha opinião, cabe as autoridades locais, e mesmo governamentais descobrir as necessidades da população e não permitir que esta seja enganada em favor da degradação do nosso país, bem como impedir a destruição de um património que não pertence ao Homem, nem nunca pertencerá, embora seja "nossa" vontade de nos apoderar-mos de todos os espaços do planeta.

Não sou "eco-idiota", sou eco-futurista!


(Artigo por Marta Cruz e Gustavo Santos)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Campanhas de Pacificaçao III


A coluna Sul - Magul, o tira teimas;

23 de Agosto de 1895, António Ennes informa que as negociações com Gungunhana serão cortadas!
Sao dadas autorizações para perseguir rebeldes nas terras do Cossine. A ponte sobre o Xinavane é completada. Freire de Andrade manda aos régulos reunirem junto ao rio, a 30 de Agosto as suas «guerras» (termo para os combatentes negros). As ordens são cumpridas e na data marcada la estão 5 régulos fiéis com cerca de 2000 a 3000 auxiliares distribuídos por várias mangas. Começam a desertar assim que tomam conhecimento da intenção de entrar em terras de gungunhana. no dia 3 de Setembro já só restavam perto de 1000 auxiliares mais um numero reduzido de tropas europeias. a coluna começa a dirigir-se para o incoluane, e durante a marcha a cavalaria, com o seu passo mais firme acaba por marcar passo e toma a dianteira com a infantaria a retaguarda. são percorridos 18km em 2h numa rota para Magul. a certa altura a coluna depara-se com algumas mangas por entre as árvores, Paiva Couceiro tenta um ataque repentino mas os auxiliares estacam a alguma distancia, Paiva Couceiro é então obrigado a lançar uma mensagem em vez de um ataque: exige que lhe seja entregue, em três dias o rebelde Matibejana ou dar-se ia um ataque português. é seguro dizer que após este episódio não se voltou a fiar muito nos auxiliares indígenas.

Quando chegam os reforços, a coluna que se dirigia para Magude era constituída de 275 europeus e 32 angolanos, os materiais de apoio eram claramente insuficientes, mas não acatar o prometido no ultimato era mostrar sinais de fraqueza, por isso decide-se avançar de qualquer maneira. As mangas estavam agora concentradas em Magul, por isso os auxiliares deveriam atacar as terras a sul que tinham ficado desguarnecidas.











1 - Paiva Couceiro;



Depois de uma marcha que foi de Xanavane até Magul, no dia 8 de Setembro cavaleiros da guarda avançada detectam num arvoredo, na base de umas suaves colinas, várias mangas armadas e as 10h e 30m da manha é soado o alerta para formar o quadro defensivo. as mangas encontram-se a cerca de 2km, e estão separadas do terreno do quadro por um regato, fora de alcance de tiro.

O quadro foi encurtado para 17 atiradores de comprimento, com as metralhadoras Nordenfeldt nos ângulos do quadro.

Da-se uma longa espera por parte dos dois lados, e as mangas dos Ímpis não mostravam sinais de querer avançar. deveriam estar a espera que os europeus entrassem arvoredo dentro para perderem linha mira e entrarem num combate corpo a corpo. a espera continua debaixo de um sol escaldante.
Freire de Andrade ordena que uma linha de atiradores angolanos avance para as mangas até ter alcance de tiro e despejar algumas salvas no inimigo de modo a o provocar a sair do mato. E resulta!. da-se movimento por parte do inimigo mas continua sem atacar. flanqueiam o quadrado de modo a bloquear a retirada. entretanto são contadas as mangas, são 13, ou seja, cerca de 6000 a 9000 guerreiros. não nos podemos esquecer que as mangas Zulus que atacaram e massacraram os ingleses na África do sul (Isandlwana) eram de 10.000 para uma coluna britânica de 8.000 homens.
em Magul estão cerca de 20 a 30 rebeldes para 1 português.
As mangas aguardam.
No tempo de espera, alguns homens cortam ramos de arvores proximas e coloca-los em volta das faces do quadro. a situaçao extenua os elementos do quadro que sofrem debaixo do sol forte, sem possibilidade de uma retirada minimamente segura, e começam a dar-se alguns desfalecimentos. os oficiais começam a preocupar-se pois estão isolados, não podem receber abastecimento de comida nem agua e havia sempre a hipótese de um ataque nocturno, ao qual, de certo o quadro sucumbiria.
Finalmente, depois de duas horas, por volta da uma e vinte da tarde, as mangas atacam. começam por pequenos grupos de atiradores que vão avançando de gatas, escondidos pelo capim e pelas ondulações do terreno.
As Nordenfeldt são as primeiras a disparar e passado um tempo curto, ouvem-se o som forte das Kropatschek feitas ás ordens dos oficiais. Ordena-se duas vezes o cessar fogo, pois o fumo das descargas era Tao que não se via o inimigo a avançar. reservas vão preenchendo as baixas nas faces, enquanto praças angolanos disparam deitados no chão fora do quadro. na segunda vez que se cessa fogo o inimigo esta a cerca de 100m, e no mesmo momento uma das metralhadoras encrava e alguns guerreiros mais ousados aproximam-se perigosamente perto. Freire de Andrade chama-lhe "O momento critico da situação". Por sorte a cadencia de disparos das espingardas aumenta e a onda atacante hesita e acaba por recuar. a retirada é encoberta pelo fumo. São, na altura da retirada das e vinte da tarde, o quadro mantém-se imóvel, mas os praças angolanos que estavam deitados iniciam uma perseguição, da qual resulta a morte do filho do régulo Magioli.

Paiva Couceiro é atingido no inicio do combate, mas mantém-se no activo durante o confronto.

Depois de acalmar, a preocupação era fazer a força portuguesa chegar a Xinavane, que seria alcançado á uma da manha do dia 9 de Setembro. No preciso momento em que se vence o combate, os vencedores retiram-se. A coluna estava desmoralizada e exausta. contudo, por volta de 20 de Setembro, régulos (incluindo o régulo de Cossine) foram "prestar vassalagem" ao posto de Magude. outros régulos seguem-se vindos de áreas que se estendem ate ao Limpopo. enquanto que ate aqui os régulos destas terras se mostravam indecisos, a vitoria em Magul levou-os a penderem para o lado português.

A coluna sul tinha então cumprido a sua missão. Derrotaram os vassalos de Gungunhana nas terras do sul. a dinâmica com se operaram estas campanhas a sul contrastam com o estaticismo da coluna norte, liderada por Eduardo Galhardo.

(Continua)

domingo, 19 de outubro de 2008

Campanha de Pacificaçao II

Gaza: Preparativos;


Com Marracuene tomada, pode-se dizer que a pacificação estava praticamente feita. António Ennes pode agora focar-se na sua missão principal, a campanha contra Gungunhana. Ennes mostra uma certa duvida se alguma vez irá conseguir a submissão do rei de Gaza. ainda em 1894 parecia que os portugueses eram incapazes de defender Lourenço Marques. agora era lançada uma ofensiva contra o então (supostamente) maior poder nativo Africano, cujo o contingente seria de 60.000 guerreiros. o Kraal real, onde se localizava Gungunhana era Manjacaze II (existia outro Kraal com o mesmo nome). Foram delimitados 3 possíveis caminhos até Manjacaze, todos servidos por braços de agua (mas nenhum era totalmente navegável).

1º caminho: de Lourenço Marques (era o mais longo) estirava-se para Norte servindo-se do rio Incomati.
2º caminho: saía de Xai - Xai (zona perto do Limpopo) seguiria o rio para Noroeste.
3º Caminho: Parte de Inhambane, aproveita-se do caudal o inharrime, chicongo- ongo e Chicomo.

O caminho mais curto seria pelo Limpopo, mas não era aconselhável, era uma área desconhecida e provavelmente não navegável. Mantiveram-se as duas outras rotas, denominadas Norte, a que seguia Inhambane, e sul a que partida de Lourenço Marques.

A estes dois percursos foram designadas duas colunas, a principal do Norte, e a secundária que sairia de Lourenço Marques. Concentrou-se o grosso das forças no norte pois era a rota que melhor permitia uma incursão directa a Gaza. a coluna sul iria perseguir os rebeldes que tentassem apoiar o rei em Intimane\ Cossine e consolidar uma força nessa zona.
Pelo sim pelo não, uma pequena esquadrilha é destacada para o Limpopo para assegurar cooperação das populações ao longo do rio.

Não existia nos inícios de 95 um objectivo claro quanto á função da campanha de Gaza, se possível deveriam atacar Manjacaze e terminar com o poder Vátua, mas existiam duvidas quanto ao tempo que isso levaria, por isso deveria-se ficar somente por um controlo dos régulos rebeldes. para isso seria constituída uma rede de postos militares ao longo dos troços dos rios. Mesmo Mouzinho de Albuquerque considerava que tudo o que se podia fazer era rodear o reino de Gaza.
A 31 de Maio de 1895 é criada oficialmente a coluna Sul e depois de alguns preparativos, em Agosto estavam erguidas as pontes de acesso ao território Cossa que atravessavam o Incomati.

(Continua)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Campanhas de Pacificaçao I

breve nota: a primeira parte começou por ser um pequeno tributo a Mouzinho de Albuquerque, mas é-me agora impossível prosseguir sem aprofundar os acontecimentos que ocorreram em África nos finais do século XIX.


Campanhas de pacificação;

Marracuene

Embora Mouzinho tenha entrado nas campanhas de pacificação, fá-lo-ia já quase no final. Não será justo falar das campanhas em África sem falar de outros personagens, a mais importante talvez, a pessoa que concebe a campanha, António Ennes. Em 1894 - 95 António Ennes ocupa o lugar de comissario régio em moçambique. É neste ano (1895) que se da, após as campanhas, a ocupação "incontestada" de Portugal em África.

A principal missão de Ennes era a pacificação das terras da coroa, pois era suposto haver condições para obter controlo do rio Incomati (25° 56′ 51″ S, 30° 4′ 53″ E) mais a norte. tornou-se necessário controlar Marracuene, que é o principal ponto de passagem entre as duas margens do Incomati, no processo é também conquistada Anguane, a 2 de Dezembro de 1894 por uma companhia que sai de Lourenço Marques. o objectivo destas conquistas no lado direito do Incomati era encurralar os rebeldes entre a terra e a esquadrilha que patrulhava o rio. para isto foi necessário desguarnecer perigosamente Lourenço Marques. depois da vitoria de Marracuene a ocupação efectiva acelerou.

A coluna sai de Lourenço marques as 5h de segunda feira, do dia 28 de Janeiro de 1895 com cerca de 800 homens. depois de cinco horas em marcha a noite é passada em Anguane, no dia 29 prossegue-se e as 15h a coluna alcança Marracuene onde são avistados alguns grupos rebeldes que tentam atrasar a coluna. São trocadas algumas salvas de tiros que recebem respostas isoladas quando os rebeldes retiravam para a margem contraria do rio.










1 - António Ennes, Comissario Régio (1894 - 1895)


O bivaque é formado nessa noite em quadrado no alto de Messinga (com uma elevação com cerca de 20m). são instaladas peças de artilharia nos ângulos ou no meio das faces do bivaque. as duas metralhadoras são montadas em cima de carros que são colocados na face principal. são colocados postos de observação a 200m do assentamento compostos por combatentes nativos. a 2 de Fevereiro, pelas 4 da manha soa o toque de sentido, como era normal (este período antes do nascer do sol era dos mais escolhidos para ataques). pelas 4:25h soam tiros isolados na direcção dos postos, pouco depois surgem vultos na direcção do Incomati em que se distingue os uniformes Angolanos do batalhão de Caçadores Nativos. julgando-os praças Angolanas Ayres d'Ornelas da ordem para não disparar. quase ao mesmo tempo ressaltam tiros da escuridão sobre a face direita e esquerda. o problema surge na face da retaguarda para onde se dirigem as praças angolanas. chegam a face sem receberem tiros e mal podem atacam com azagaias, eram os rebeldes que tinham eliminado as praças dos postos e roubado os uniformes. falhas no reforço dos rebelde permite que os Portugueses reagrupem as forças, e sob comando dos oficiais as faces convergem e afastam "a grito e pontapé" as falsas praças angolanas. da-se uma grande confusão dentro do quadro defensivo, são utilizadas baionetas, espadas, azagaias e revolveres. os oficiais lutam para manter a moral e reorganizar as forças. já com o despontar de luz do sol, pela face esquerda surge uma massa maior de guerreiros que avança para os cavalos. num movimento rápido, improvisado e teatral, o oficial Roque Aguiar ordena uma esquadra do corpo de policia que fosse para a retaguarda e que se organiza a tempo de repelir o atacante. neste momento ja a maior parte dos "infiltrados" no quadro já estava morta e o restante tinha sido "corrido a murro e pontapé". o combate prolonga-se até as 6h da manha, e depois de algumas salvas de metralhadora e canisters a luta cessa. uma média feita por contas de cartuchos gastos mostra que a luta não terá sido intensa, cerca de 12 tiros por cada espingarda, 36 granadas. as baixas portuguesas são de 3 mortos e 6 feridos, os auxiliares angolanos perfazem 10 mortos e 19 feridos. a força dos invasores foi estimada entre 2000 a 3000 homens. este combate, mesmo tendo um balanço de forças mais equilibrado foi aquele que mais perto do desastre ficou. o raciocinio dos landins rebeldes foi como diria António José Telo, impecável. o seu erro foi não se concentrarem na retaguarda.
Analisando bem este combate, chegamos a conclusão de que, os Landins já esperavam os portugueses pela maneira como conseguiram, eliminar os postos de observação sem soarem o alarme e foi uma táctica que se apresentou mais vezes no futuro. os movimentos rebeldes mostram um excepcional comando superior. um aspecto notável do combate pelo lado português foi a capacidade de reconstrução da face desfeita do quadro, por onde teriam entrado até 20 nativos.

com a migração para norte dos rebeldes da região de Marracuene, a pacificação estava praticamente terminada, embora outros combates se seguiriam em 1895, até ao desfecho levado a cabo por Mouzinho de Albuquerque que ira ser contado em artigos posteriores.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Personagens



O Herói de África;


Bem sei, que em toda a historia do nosso país as personagens que deveriam ser lembradas são mais do que as que a nossa capacidade no geral suporta. Mas se todos pensasse-mos assim não haveria escola. pois ninguém seria capaz de decorar todas as disciplinas que se ensinam. Mas seria de esperar que, junto com as "más" historias de portugal se contasse também as "boas" historias. refiro-me a feitos positivos, realizados por personagens de remonta. Não digo que não se ensinem os triunfos da nação, mas a ideia com que os alunos ficam da historia de portugal é de governantes inconscientes que não se interessam pelas condições em que vive o seu povo... e os que se interessam acabam por "meter o pé na argola" por assim dizer. Deveriam ser "cantados", para utilizar os termos poéticos, as personagens e seus feitos, pois ja quando eu fiz o meu ensino basico e secundario, nem vestigios orais destas personagens surgiam nas salas de aula. Nesta sequência de pensamento vou falar de uma personagem que me cativou acima de muitos outros. E por muitos aspectos, pela sua personalidade, pelo seu carácter, pelas suas condutas, pelos seus feitos, e pela sua dignidade aquando do seu regresso em que se falava de um envolvimento seu com a rainha.


Vou fazer uma breve apresentação ao Major Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque. Aqueles que ainda o estudaram poderão estar agora a fazer mentalmente associações a nomes como "Chaimite", "O leão de Gaza", "Campanha de pacificação" ...

O grande Mouzinho de Albuquerque nasce a 12 de Novembro de 1855, no concelho da Batalha, na freguesia de santa Maria da vitoria. Infelizmente, nem um artigo de um blogue deve ser tão grande, nem a mim me cabe fazer uma biografia detalhada deste soldado Português, pelo que vou referir os passos importantes que deu na sua vida. Aos 16 é já praça no regimento de cavalaria 1. Frequenta a escola politécnica e a escola do exercito e segue o curso de cavalaria. em 1876 envereda pelos reg. de cavalaria 2 e 4 onde é promovido a alferes em 76 e em 84 a tenente. Com 24 anos vai para a Universidade de Coimbra. o seu carácter e sentido de obrigação impelia-o a assistir as aulas sempre fardado. devido a uma doença e um acidente é impossibilitado de prosseguir o estudo, enquanto esta imobilizado lê sobre a índia, Brasil e África. tão importante como Mouzinho é a senhora com que casa, D. Maria José de Albuquerque Mascarenhas de Mendonça Gaivão, que se tornou na sua confidente.

Uma pequena nota: sou capaz de garantir que, 99% das pessoas abaixo dos 20 anos nao sabe quem foi, ou o que fez este Heroi, contudo, se pensar-mos bem, depois de Mouzinho morrer em 1902, quem mais figura como grande Heroi da naçao? existe um certo desvanecer de personagens aclamadas nacionalmente apartir do seculo XX, e procurando em livros nao é muito dificil de descobrir um rol destes que tanta esperança e uniao deram aos portugueses no inicio do seculo. podem-se referir alguns elementos das guerras coloniais dos anos 60 e 70, mas nunca com uma envergadura de importancia como a que (pelo menos deveria) foi atribuida a mouzinho.

Aos 31 Mouzinho é enviado. ja capitão, para a índia, como fiscal das linhas de ferro. a 10 de Junho de 1890 deixa a Índia para seguir para Moçambique, para onde ja sonhava ir desde que chegara à Índia, e talvez já antes.

A partir deste momento sou obrigado a enquadrar a realidade do Moçambique do século XIX. As fronteiras estabeleceram-se com base em 2 tratados assinados com os Britânicos (1815 - 1817), os limites costeiros consistiam-se por, a norte o Cabo Delgado e a Sul o porto de Lourenço Marques. como não podia deixar de ser, os ingleses tinham que vir "meter o bedelho" nos seus "mais velhos" aliados, e utilizando uma expedição como disfarce, enviaram um oficial de marinha negociar com alguns régulos (tribos que se assumiam como, ás ordens d'El rei Português) concessões á coroa Britânica, desrespeitando obviamente os tratados assinados. desta maneira, Portugal perde as ilhas Inhaca e dos Elefantes, e com arrogância, la, içam rapidamente a bandeira Britânica. alguma coisa estes teriam que fazer para recuperar da vergonha da expulsão e perda de colónias na América do norte. felizmente nem todo o bom senso estava perdido, e recorrendo ao livre arbítrio, presidido por elementos franceses, portugal recebe votos de ter razão. Moçambique mantém Lourenço Marques. para resumir um pouco a situação, a corrida a África levara a que instabilidades se gerassem nos territórios colonizados e entre os próprios países que tinham pretensões. o que acontece é que, potencias com grandes pretensoes estratégicas cobiçam o excelente porto de Lourenço Marques, e de modo a conseguirem ocupar o território Português, criam insurreições dentro dos régulos para enfraquecer a presença militar portuguesa para fazerem, como fizeram nas guerras peninsulares, e auxiliarem os velhos aliados através de ocupações militares. e então seria Adeus moçambique, como disseram os Holandeses á África do Sul durante as guerras Napoleónicas, igualmente ocupada por Britânicos. Isto de, os territórios de sua Majestade se alargarem por um quarto do globo já vem de há muito.

Foi neste campo que o Major Mouzinho de Albuquerque fez a diferença em Moçambique. a Sua missão foi de terminar com os distúrbios dos régulos e pacificar a zona. Ora, a organização dos indígenas era por reinos, e o mais importante era o reino dos Vátuas, cujo rei era o famoso "Leão de Gaza", o Gungunhana, ou "Ngungunyane". o seu império possuía mais de milhão e meio de pessoas, e, descendentes dos Zulus sul Africanos, guerreiros aguerridos. Gungunhana constantemente desrespeitava a autoridade portuguesa e não prestava honra as relações que seu pai, Muzila, retinha com a coroa Portuguesa. pelos vistos, para compensar mantinha boas relações com comerciantes e conselheiros Alemães, e com a própria rainha Victoria. um episódio relata bem estas relações, quando um vapor inglês subia o Limpopo carregado de armas para armar os Vátuas, quando, a bordo do Mc Mahon , Mouzinho aprisiona a embarcação inglesa. como administrador de Lourenço Marques, Mouzinho fez seu objectivo capturar Gungunhana, achando, e bem, que poderia assim tomar "as rédeas" nesta zona de Moçambique.

Na segunda parte deste artigo falarei das campanhas de pacificação em Moçambique nas quais Mouzinho acaba por participar e encerrar, terminando com as rebelias dos régulos que durou até meados nos anos 60 do século XX, para desapontamento de Mouzinho caso este fosse vivo.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Locais de Interesse: S. Brás


S.Brás! Situado algures entre a Serra da Aboboreira e o Marco de Canaveses, do qual a única via de acesso é ainda, durante quase 2km, de terra batida.
Um paraíso perdido entre o céu e a terra, conhecido apenas pelos seus moradores, que não são numerosos, e alguns alheios que se aventuram pela Serra! Todo o cenário recorda as leituras que se fazia em historia sobre as aldeias dos nossos avós.
Tranquilo, rústico, agarrado à natureza e tradições, com apreço pela simplicidade, e com fascinantes vestígios históricos por toda a região S.Brás é um óptimo local para passeios, percursos pedonais de carácter histórico e para viver experiências talvez nunca antes imaginadas. À entrada da aldeia existe um cartaz Que fala sobre os elementos históricos, geográficos, faunísticos e "floristícos" da região. Os residentes são simples e, diga-se de passagem, do mais amigável que há, fica o conselho de, quem la for, de "meter" conversa ou de a continuar, no caso de abordagem pelos residentes da aldeia. No final, tornam-se conversas mais agradáveis do que estamos acostumados, pois são conversas simples, porém necessárias.
O contacto com estes locais é do aconselhamento máximo dos autores deste blog, especialmente para os citadinos (como os autores do artigo) que podem achar um fascínio, que em meios urbanos se encontra oculto, e que se revela com o contacto com o mundo rural, pois o que faz falta a gente, que tem origens citadinas, mesmo que recentes, é o contacto com a natureza, não porque possuam cada vez mais uma imagem nobre, mas porque a toxicidade da Urbe já está tão entranhada em nós, que só o contacto com a natureza "pura" e o rural é capaz de fornecer a cura. Aliás, nenhum pão melhorado por processos químicos substitui o pão feito com agua mineral, com farinha moída dos cereais cultivados pelos próprios fabricantes, que se mantém "fresco" por muito mais tempo, por ser feito a lenha e cozido lentamente, o que permite que se retire mais ar da massa. Os "pães de cidade", no seu segundo dia, agradariam aos Romanos como tijolo.
Não tarda muito para uma pessoa se encantar com um sitio destes, e ao mesmo tempo para sentir uma tristeza pois este tipo de povoações estão a desaparecer. Casas centenárias são demolidas para que os nossos ministros ordenem ou autorizem a construção de casas caiadas de amarelo e com tinta de segunda, com caixilhos em alumineo que dao á casa um ar de "lata de conservas", mas infelizmente é o que se verifica, o melhor exemplo é numa localizaçao perto de vila real em que surgem dois edificios (se se lhe pode chamar casas) que supostamente foram desenhadas pelo nosso primeiro, o senhor J. Socrates, que, incrivelmente sao como as que eu descrevi!
Algum de vocês alguma vez levou vacas até aos pastos? Nao? Pois os autores deste blog tiveram a sorte de experienciar isso mesmo. Gostaria de agradecer a senhora que figura nas fotos acima que guia as vacas, da qual nao sei o nome, mas que nos proporcionou com esta oportunidade e a quem desejo muita saúde!

E quantos de vocês já dormiram a sesta debaixo de uma videira enquanto o rio viaja alegre e travesso ao vosso lado, aproveitando o sol de final de tarde, laranja ouvindo o gado a não muita distancia.


E já agora, para melhor socializar, vai um cafezito acabado de sair da chocolateira, sem filtro, e com um segredo...




(Texto por Eskilursinha, Fotos por André S.)

Animais extictos

Espécie: Abrictosaurus Consors (Thulborn, 1974);
Reino: Animalia; Phylum: Chordata; Classe: Sauropsia; Super-Ordem: Dinosauria; Ordem: Ornitischia; Sub-Ordem: Ornitopoda?; Familia: Heterodontosauridae; Genero: Abrictosauros (Hopson, 1975)

Era uma espécie pequena, que se distinguia por ser Heterondontidea, ou seja, em vez de possuir dentição Homodente (todos com a mesma função) possuía dentes com funções variadas\especializadas (molares, pré-molares, caninos (singularidade da espécie etc.) Na frente do maxilar em vez de dentes existia um bico, a dentição era composta por um serial de molares, de momorfologia diferente entre si, e entre os caninos superiores e os molares existia um espaçamento (diastema) que acomodava os caninos inferiores.

Esta espécie é considerada como a espécie "base" dos Heterodontideos. Foi descoberta em Lesotho e consiste num esqueleto e crânio parciais. A ausência de presas nesta espécie foi inicialmente entendida como sendo os resto de uma fêmea, porem analises previas sugerem que o espécimen pode ser de um juvenil.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Northen Territory


Imagem 1: território do norte a escuro


o Northen Territory é o termo para a divisão federal a norte da Austrália, ocupa grande parte do norte e centro do continente. As suas costas são banhadas pelo mar de Timor, o mar de arafura e possui um golfo ( Gulf of Capentaria). há cerca de 40.000 os indígenas instala-se nesta área. povos da indonésia começam a fazer trocas com os indígenas muito antes dos primeiros europeus, no sec. XVII. desde a colonização até aos dias de hoje esta região extensa possui uma demografia não muito elevada, existindo 218,380 indivíduos (segundo o dep. de estatísticas local).

Geografia:

A parte sul (Austrália central) é muito árida, a maior parte do território é razoavelmente plano, sendo o ponto mais alto o monte Zeil, com 1, 531 metros. A temperatura mais alta registada foi de 48.3cº, a mais baixa foi de - 7.5cº.

Existem formações rochosas espectaculares, a mais conhecida é Ayers Rock, uma grande formação de arenito. O nome que os aborígenes lhe dão é Uluru, e parece não ter grande significado no dialecto nativo ( Pitjantjatjara). é um dos mais famosos ícones Australianos. tem 348m de altura, tem uma circunferência de 9km.

Fauna na região de Uluru:
Actualmente existem cerca de 21 espécies na região, embora ja se tenham registado ao longo dos anos 46 espécies. Foram realizados requerimentos para a reintrodução de espécies extintas localmente como: a leipoa ocellata (ave), o Opossum rabo de pincel comum, o Lagorchestes hirsutus (Canguru - lebre), Thylacomyidae (Bilbie\ marsupial), Bettong escavador (Marsupial), e o Wallaby de Flancos Negros. o único mamífero (Mulgara) esta registado como vulnerável, e esta restringido as planícies de areia.

Na parte norte está no Parque Kakadu, que possui zonas pantanosas e grande variedade de vida selvagem nativa. Existe uma extensiva rede hidrográfica em que fazem parte os rios: Aligator, Daly, Finke, McArthur, Roper, Todd e Victoria. existem no território, a contar com Kakadu 24 parques naturais.









Apesar de a Austrália ser o continente que mais espécies de insectos venenosos possui é sempre um bom exemplo de conexão com o natural. Basta ver o exemplo dos Aborígenes. Torna-se num local a visitar o mais rapidamente.

sábado, 4 de outubro de 2008

Animal da Semana

Espécie: Orca

Reino: Animalia
Phylum: Chordata

SubPhylum: Vertebrata
Classe - Mammalia
Ordem - Cetacea
SubOrdem - Odontoceti
Familia - Delphinidae
Subfamília - Globicephalinae

Género - Ornicus

A orca, também conhecida como baleia assassina, é o membro de maior porte da família Delphinidae.
É um predador versátil, podendo comer peixes, moluscos, aves, tartarugas e, se caçar em grupo, captura presas de tamanho maior como morsas e outras "baleias".
O seu nome provém da tradução directa do inglês "killer whale" (baleia assassina).
O seu peso pode chegar às nove toneladas. Este magnífico animal pode encontrar-se em qualquer um dos oceanos e mares, o que o torna no segundo animal que mais área de distribuição geográfica (logo a seguir ao homem).





Estes animais, comunicam através de sonar, tal como os golfinhos!
Ainda hoje há pessoas que descrevem as orcas como monstros marínhos ferozes mas, até hoje so houve um caso de ataque a seres humanos por estas baleias, (que foi na Malásia em 1928 a um pescador que atacou quatro desses animais que, para se defenderem, atacaram o barco e mataram o pescador) ainda que se saiba de alguns casos de agressões aos treinadores de parques quáticos que fazem shows com orcas.




Estes animais caracterizam-se por terem o dorso negro e a zona ventral branca.
Têm manchas brancas na parte lateral posterior do corpo, acima e atrás dos olhos.
Têm o corpo pesado e entroncado e a maior barbatana dorsal do Reino Animal, que pode medir até 1,8 metros de altura (maior nos machos que nas fêmeas).
Os machos podem medir até 9,5 metros de comprimento e pesar até 6 toneladas;
as fêmeas são menores, chegando aos 8,5 metros e 5 toneladas.
As suas crias nascem com cerca de 180 Kg e medem cerca de 2,4 metros de comprimento.




Para mais informação consultar: http://pt.wikipedia.org/wiki/Orca#Evolu.C3.A7.C3.A3o_e_taxonomia

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Restauro

No próximo dia 16 de Dezembro, as 15h terá inicio a cerimonia de reabertura da igreja matriz de Caminha, irá estar presente a ministra da Cultura. A sua construção foi iniciada em 1488, em 1556 começa a construir-se a torre sineira. O restauro veio no âmbito do Quadro de Apoio Comunitário.

Nem tudo é Mentira (Caveira de Cristal)

Imagem da Caveira Falsa do Museu Britânico





Em 2008 estreou o quarto filme da saga "Indiana Jones", neste filme o artefacto central é uma caveira feita por extra-terrestres que possui poderes capazes de revelar segredos para os quais ainda não existem respostas. Tudo bem até aqui. Material suficiente para um filme de aventuras. Mas de onde provem a inspiração desta historia? Acompanhe, no National Geographic Channel no dia 26 de Outubro, 2008 a "Lenda da Caveira de Cristal", um documentário sobre as descobertas feitas nos templos Maias por Frederik M. Hedges em 1920. Serão artefactos Maias ou Astecas? Ou uma fraude? Veio a determinar-se que a caveira exposta em Londres no British Museum é falsa, e as restantes?

Afinal havia outras!

O seguinte artigo foi publicado na edição de Outubro 2008 da NG Magazine Portugal.



Recentemente foram feitos testes genéticos, que em conjunto com certos comportamentos indicam que podem existir, não uma espécie de Girafa mas sim seis!
Fazem-se as seguintes nomenclaturas: Girafa - Angolana, Girafa - Masai, Girafa - sul - Africana, Girada da África Ocidental, Girafa - de - Rothschield e Girafa - Reticulada; A diferença vê-se nas manchas, por exemplo a Girafa - Angolana possui um considerável espaçamento entre manchas e estas são de cor mais clara do que a Girafa - Masai que possui manchas mais escuras e denticuladas. Fez-se a pergunta, Caso uma Girafa - Masai encontrasse uma Girafa - de - Rothschield acasalariam? Não, pelo menos não as que se encontram em Liberdade. Resta ver se a nomenclatura irá ser alterada. As populações diminuem devido à actual fragmentação do habitat e é necessário conhecer as preferências de cada espécie.

Artigo original por Tom O'Neill;