segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pequena História

Era uma vez dois amigos
Que, sem se darem conta
há muito se conheciam;

Visitavam o mesmo local
na mesma época do ano,
Mantinham uma relação
mais que normal;

Chegou um ano
e por alguma razão,
Ele não voltou ao local
onde a conheceu a Ela...

Passaram três anos
Ela lá regressava todos os anos
sempre assídua...
Mas dele, nem sinais;

No quarto ano, quase perdido
aparece ele, que não tinha sido esquecido
mas que mesmo assim causou surpresa.
Surpresa n'Ela;

A relação despertou novamente,
mais profunda e íntima do que antes,
Algo surgiu, entre os dois
Uma faísca ressaltou;

O tempo passou, e chegara a altura de regressar
Ele a pensar nela,
Ela a pensar nele,
E mais um ano passou;

Foi no segundo ano, desde o reencontro,
as vontades convergiram,
e deu-se o resultado,
que ambos desejavam;

Aconteceu no primeiro dia, após o vigésimo de Agosto,
Era de noite, quase meia noite,

Os dois segredavam, e os dois confidenciavam,
Sem saberem, criavam o ambiente perfeito,
a lua estava cheia, enchendo de energia os dois,
Sentados no escuro, no seu local especial...

Ambos o queriam,
pensavam-no mas não diziam,
Ele desorientado, arrebatado pelo momento
Ela com receio, mas decidida a descobrir,

Beijou-o...

Como uma fotografia, houve um flash
e o momento tornou-se eterno na mente de ambos,
e no tempo que durou,
abriram-se os corações e soltaram-se todas as palavras que neles guardavam um para o outro;

Ela avançou primeiro,
Ele retribuiu,
Sabiam que estava certo
mas continuava um receio no ar de arrependimento

arrependimento que nunca chegou a existir...

Ainda hoje recordam esse momento, perfeito que deu lugar a uma relação única...
E enquanto lês estas palavras mais a relação evolui,
Mais a relação cresce,
Para algo mais profundo...

Já não é um conto de fadas,
nunca o foi..
Foi melhor,
Isso sim...

Nunca foi inventado, nunca teve um criador por detrás...
História verídica,
Sei-o eu, com toda a certeza,
História única, com certeza eu o digo...

Nunca se arrependeram,
nunca tiveram ideias dissemelhantes,
sempre desejaram o mesmo
sempre uma vida juntos quiseram;




(Para Ela, d'Ele, que com amor escreveu isto, contando a sua própria História)

sábado, 15 de novembro de 2008

Animais Extinctos


Abrosaurus;



Espécie: A. Dongpoi (Ouyang, 1989) Reino: Animalia, Phylum: Chordata, Classe: Saurópsida, Superordem: Dinosauria, Ordem: Saurischia, Subordem: Sauropodomorpha, Infraordem: Saurópoda, Genus: Abrosaurus;



O "Lagarto delicado" viveu durante o Jurássico Médio, onde é agora a Ásia, foi descoberto na pedreira de Dashanpu, na província de Sichuan, na China.
Era herbívoro, quadrúpede. Para saurópode era pequeno (9m de comprimento). O seu nome "delicado" provem da estrutura óssea do seu crânio.
Este animal é descoberto pela primeira vez em 1984 e descrito em 1986.

Foi descrito inicialmente como um Camarosaurideo, mas embora possa não pertencer a essa família em particular, faz parte do Grupo Macronária, como o Camarasauro. Ainda fala descrever por completo os restos deste animal, por isso será difícil a colocação na árvore dos Saurópodes.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem leitura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que nem sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa
in Seara Nova, nº526,
11 de Setembro de 1937

sábado, 8 de novembro de 2008

Campanhas de Pacificação VII

Chaimite...


Depois de arrasar o centro Vátua, António Ennes trata da consolidação da ocupação efectiva e a 15 de Dezembro de 1895 cria-se o Districto Militar de Gaza. A direcção deste é entregue a Mouzinho de Albuquerque.
A 9 de Dezembro recebe-se em Languéne informações sobre o paradeiro de Gungunhana. As informações confirmam-se no dia 13 de Dezembro quando a Languéne chegam 5 emissários de Gungunhana como prova de desejo de paz. Para tal entregam o rebelde Matibejana. Duas mulheres acompanham o régulo para o "verem morrer" pois era esperado que fosse imediatamente fuzilado. Contudo o comandante Sanches de Miranda manda-o prender.

1 - Foto de Gungunhana;

Ao tomar conhecimento, Mouzinho de Albuquerque desloca-se para Languéne, com intenção de Capturar Gungunhana e fechar na perfeição a campanha de 95.
Aposta-se na formação de uma coluna de 30 cavaleiros para surpreender o rei em fuga, mas torna-se impossível reunir o numero exacto de cavaleiros.

Mouzinho de Albuquerque sobe o Limpopo na lancha Capelo até à junção do Changane. Explora a região em redor e cria um novo posto, a uns 800 metros de um cais improvisado. Mouzinho pretende que este se torne a sede do Districto de Gaza. seria também o posto mais avançado da ocupação Portuguesa.

25 de Dezembro de 1895. Dia de Natal. Mouzinho de Albuquerque desiste de esperar pelos cavaleiros e organiza uma pequena força improvisada. As 5h do dia 26 a pequena coluna parte com 207 auxiliares e 76 carregadores e vai recolhendo auxiliares ao longo do caminho, que desejam ver o "afastamento" do antigo senhor. Nesse dia a força acampa em Zimacaze (as 16h) perto da junção do Limpopo com o Changane. Gungunhana esperava provavelmente a partida da coluna pois chegam enviados seus que entregam dentes de elefante e apresentam um pedido a Mouzinho:" Aguarde na Lancha pois o régulo vai dentro em breve prestar vassalagem aos
portugueses.















2 - Gungunhana e as suas Mulheres;

No dia seguinte Mouzinho manda soar a alvorada as 2h e 30. a coluna come uma refeição rápida. Mouzinho conta com 47 Europeus e mais ou menos 200 auxiliares e parte em marcha as 4h da manhã. As 11h chegam outros dois enviados com presentes mais significativos (560 libras e pontas de marfim). O rei está preocupado. Trazem outra mensagem. Pedem para esperar que o régulo viria nesse mesmo dia falar com "o Rei seu Pai". Responde Mouzinho que o régulo é "muito gordo" e ele "muito magro", para lhe poupar trabalho vai continuar a avançar. Depois de 9h de Marcha estão os Europeus esgotados, acampam então perto da lagoa de Motacame. Ainda nessa tarde chega uma delegação de Gungunhana em que estava incluído Godije, um dos seus filhos. Desta vez traziam 63 cabeças de gado, 510 libras, duas pontas de elefante e até mesmo 10 mulheres de Matibejana. Mouzinho responde que a sua coluna está cansada e que não avançará, esperando que o régulo venha ter ao acampamento. Mouzinho não tenciona cumprir isto.

A alvorada do dia seguinte é as 3h e a marcha as 4h!. Surgem então 3 mangas Vátuas a correr para a coluna, não atacando, mas com intenção de prestar vassalagem, e informam também que Gungunhana está em Chaimite. Era uma aldeia sagrada, com 30 palhotas, rodeadas por uma paliçada de Metro e meio. Gungunhana tinha lá ido para realizar rituais que lhe conferissem protecção divina.

São 6h e 30 da manha. É avistada a paliçada de Chaimite. A marcha foi tão extenuante que duas praças caem no chão, sendo deixados aos cuidados dos auxiliares.

A única entrada em Chaimite era uma porta com cerca de 40cm de largo, e só passava um homem de cada vez. Não havia conhecimento do que esperava os portugueses dentro da povoação.

É então que, o Capitão de Lanceiros I, Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque ordena que os auxiliares formarem cerco em volta da povoação e apenas com Portugueses, desembainha a espada e lança-se à carga à frente da coluna em direcção á porta da aldeia. Diz-se que o Tenente Costa e Couto lhe passa a frente e que, ao chegar a paliçada, derruba a porta, coloca-se em sentido e deixa que seja Mouzinho de Albuquerque o primeiro a entrar, foi seguido do Tenente Couto, o médico Amaral, Sanches de Miranda e do interprete indígena João Massablano. Dentro da Paliçada estava um grupo de Vátuas armados com espingardas e, nas palavras de Mouzinho: "ou fosse porque de todo tinham perdido a força moral, ou por verem logo atrás de nós a testa da coluna que derrubara as estacas laterais da entrada, é certo que nenhum fez fogo, deitando todos a fugir sumindo-se nas palhotas".
3 - Captura de Gungunhana;


No seguimento, dá-se a mítica cena, Mouzinho intimida o "leão de Gaza" a sair da palhota, sob ameaça de lhe pegar fogo. quando o Senhor sai sozinho e desarmado, Mouzinho manda que lhe atem as mãos. É declarado ex-régulo dos Mangúnis e obriga-o a sentar-se no chão, embora o régulo não quisesse por "estar sujo".

Em aplauso, os Vátuas batem com as azagaias nos escudos. Terminava assim o Reino de Gaza.
No retorno, a bordo da capelo no dia seguinte, nas margens em Languéne, auxiliares juntam-se para prestar vivas á Família Real, à Armada e ao Exercito!

O final dos "dois gigantes" foi dissemelhante. Gungunhana é levado para Lisboa e depois vive o resto da sua vida, com Matibejana e os seus filhos na Ilha Terceira, onde tinha liberdade de movimentos. Recebeu o nome de baptismo Reinaldo de Frederico Gungunhana. Morre em 1906 em Janeiro por causas naturais. Por seu lado Mouzinho regressa a Lisboa onde continua a sua vida, recebe comendações do seu Rei e amigo, D. Carlos. É mesmo escolhido como tutor do príncipe Filipe. Morre em 1902, num suposto suicídio, embora nunca se tenha feito a autopsia devida.

É-me incompreensível como nas escolas se estuda tão a fundo as conquistas dos nossos primeiros Reis, e tão pouco as conquistas dos nossos últimos Reis, que, embora estivessem fora do espaço Europeu, adquiriram estatuto de território Português!

Numa opinião pessoal, Vivam aqueles que, por amor à pátria, arriscaram as suas vidas, oficiais e praças incluídos, civis que os apoiaram e viva o espírito que fez com que, em finais do sec. XIX Portugal se erguesse de novo aos olhos das outras nações depois de ter perdido estatuto após a entrada dos Ingleses e Holandeses na "descoberta do mundo".


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Campanhas de Pacificação VI

( Batalha de Coolela);


A chama da Vitória;


Em Agosto, António Ennes dá ordem para avançar para Manjacase, mas durante algum tempo tudo o que se faz são algumas expedições que visam "limpar" a área em redor. Cria-se um "enclave" de 10km por 25 no território de Gaza na margem direita do Chicomo. mas não era este o desafio da coluna norte. O seu objectivo era atingir o centro do poder Vátua

Gungunhana joga pela defensiva, enviando aos postos emissários com promessas de capturar os rebeldes para os entregar aos portugueses, mas acrescenta que não acha possível fazê-lo. da mesma maneira, são enviados a Durban e ao Cabo emissários a pedir protecção da coroa inglesa, mas a resposta é sempre negativa.

Outubro contempla uma tropa imóvel. dá-se uma troca intensa de telegramas. António Ennes é claro nas suas mensagens. Quer um ataque imediato, mas o Coronel Eduardo Galhardo recusa por falta de bois e carros capazes de percorrer a distancia até Manjacase. Devido á estagnação da área e das doenças, o numero de doentes, na coluna aumenta, indo de uma centena a 300 em finais de Outubro. Em Setembro 50% da coluna é dada como doente. A 28 de Setembro é inaugurado o forte de Chicomo.

A hesitação do Coronel Galhardo é quebrada a 4 de Novembro, com a aproximação da época das chuvas. Neste ponto a força consiste em cerca de 600 europeus e umas centenas de auxiliares. Muitos outros desertaram. O corredor até Manjacase 2 é curto mas com percalços e extremamente fatigante. os acampamentos são formados longe dos povoados e em zonas com campo de tiro desimpedido.

A 6 de Novembro o ultimo acampamento é erguido nas margens da lagoa de Coolela. Coolela fica a poucos quilómetros de Manjacase 2, a coluna manteve-se por Coolela devido à má qualidade das atrelagens.

Na madrugada do dia 7 de Novembro a coluna desperta pelas 4h, como de costume distribui-se café e rancho frio. mantém-se a formação em quadro durante uma hora. Por volta das 5h o Coronel Galhardo ordena que se forme a coluna para recomeçar o avanço. com as peças engatadas e a cavalaria e auxiliares na frente esta tudo pronto para partir, quando a 250m se avistam, a avançar em passo rápido as mangas inimigas que surpreendem os Portugueses.

As peças são então desengatadas a pressa e colocadas no quadro que felizmente ainda estava formado. As forças inimigas provêm do centro do poder Vátua e são comandadas por Mahougné e os chefes de mangas eram dois filhos do Gungunhana e um tio. Não se consegue avaliar ao certo a força inimiga, mas os números vão dos 8.000 a 20.000 e pelo menos 3.000 estavam armados. A relação de forças seria de 1 para 20. felizmente o quadro português não foi totalmente desfeito.

Os rebeldes encetam um ataque clássico, massivo em frentes (frente, esquerda e retaguarda) com mangas compactas que são seguidas por grupos de atiradores. Os auxiliares em pânico tentam entrar para dentro do quadro, mas são repelidos a coronhada. a primeira face a sofrer o ataque é a frontal, e abre fogo à ordem do Coronel Galhardo. Os oficiais percorrem as faces do quadro de modo a regularizar as descargas que começaram por ser precipitadas. Aqui o Coronel demonstra a sua coragem física, ao dar ordens calmas, em cima do seu cavalo, com um charuto no canto da boca. Depois de algum tempo é ordenado um cessar fogo para que o fumo se dissipe. os Vátuas, achando isto uma hesitação fazem com que as duas mangas mais próximas ataquem com força contra a face esquerda numa investida, aparentemente suicida.

António Machado afirma que, os atacantes tombavam a cerca de 30 a 40 metro do arame. Há uma grande eficácia na artilharia. No segundo cessar fogo já as mangas tinham recuado consideravelmente. A retirada dá-se depois de uma insistência de descarga, e a retirada converte-se em fuga. Os auxiliares que se tinham mantido deitados no chão fora do quadro partem em perseguição e regressam com varias armas abandonadas.

O ataque durou cerca de 40min, foram gastos 6775 cartuchos, 45 granadas de artilharia de montanha e 46 para as peças Gruson.
Os portugueses sofrem 5 mortos e 24 feridos e mais de 9 auxiliares feridos. As baixas do inimigo são avaliadas entre 600 a 1500 soldados.

Após esta derrota, Gungunhana mete-se numa carroça e foge de Manjacase 2 que é abandonada sem defesa. Infelizmente,o Coronel Galhardo retoma as hesitações e manda manter o quadro durante o resto do dia e envia uma pequena força para Chicomo para trazer víveres. esta força é liderada por Mouzinho de Albuquerque que consegue evitar que esta pequena missão fosse um risco inútil. Mas, apesar da rapidez com que cumpriram já se registavam doentes no quadro.

Quatro dias após o combate, O Coronel Galhardo decide recomeçar o avanço. No dia 11 de Novembro encontram-se a 2km de Manjacase. O comboio dos feridos é deixado na margem esquerda do rio Manguanhana, o restante da força avança sobre Manjacase. antes da infantaria investir procede-se a um bombardeamento. Não encontram resistência. No final da tarde, Manjacase é um mar de chamas.

O que fazer agora? Era hora de "depor" o rei Rebelde.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Campanhas de Pacifcação V

Coluna Norte num pára arranca;

A segunda expedição, enviada da Metrópole, liderada pelo coronel Eduardo Galhardo começa a chegar a Lourenço Marques a 13 de Abril no vapor "Portugal". No dia 29 de Maio chega no vapor "Ambaca" o 2º Batalhão de Caçadores 3 que se junta as unidades de engenharia já aí presentes. Metade desembarca na cidade a outra é transportada para Inhambane no mesmo navio.
o Ultimo contingente é formado pelo esquadrão de Lanceiros I dirigido por Mouzinho de Albuquerque.
1 - Coronel Eduardo Galhardo;


Eduardo Galhardo foi nomeado por António Ennes comandante da brigada principal da força por ser o militar de maior graduação em Moçambique. Andava sempre impecavelmente fardado e o seu aspecto físico era impressionante, mas era sobretudo hesitante, não querendo correr riscos que fossem de alguma maneira contra os regulamentos e não era do tipo de pessoa de grandes improvisos. Infelizmente tudo servia de pretexto para atrasar o avanço da coluna, que possuía o maior contingente das campanhas de pacificação e prometia bastante e o preço que pagaram pela má liderança foi pesado.

2 - Desfile das tropas na praça sete de Março;

Em fins de Junho a maior parte do Batalhão de Caçadores 3 está no primeiro posto a caminho de Chicomo, Cumbana. São notórias, logo a chegada, as condições sanitárias. Chegam a registar-se 93 doentes a 23 de Junho. a 11 de Julho são dadas as ordens de marcha para Inharrime, ultimo posto antes de chegar a Chicomo, e a 15 de Julho instala-se a companhia de infantaria em Chicomo a algumas dezenas de kms da capital de Gungunhana.

O grosso das forças é levado para Chicomo por Galhardo a 20 de Julho. Existia, e isso notou-se na marcha para Chicomo, uma grande deficiência no apoio logístico. Os carros de Bois tradicionais atolavam-se frequentemente e estes eram por si, insuficientes, e dá-se mesmo uma falta de animais de carga para todo o aparato. Galhardo nota-o e insiste em pedir mais carros e mais animais e António Ennes faz o que pode, mas não consegue atingir o previsto pelos regulamentos. por causa desta insistência que se torna numa teima entre Galhardo e Ennes a coluna passa 3 meses em Chicomo. A ordem para avançar sobre Manjacase é dada em Agosto e só em Novembro é que avança.

Durante o tempo que a coluna passa parada vai sofrendo inúmeras baixas devido a pestilência do local, e há uma redução espantosa dos efectivos prontos para combater, que provavelmente, nem os indígenas podiam infligir.


Campanhas de Pacificaçao IV


Limpopo, as operações do centro;




Com o objectivo de consolidar as vitorias da coluna sul, é enviada, para o rio Limpopo, uma pequena flotilha fluvial e começam com a exploração do vapor "Ferreira Neves" em Junho de 1895. Em Setembro a lancha canhoneira "Capelo" é rebocada e recebe o armamento quando passa pela barra. Estas duas embarcações são apoiadas por outras duas, a "Fox" e "Carnarvon", que fazem ligação a Lourenço Marques. É assim composta a "esquadrilha do Limpopo"!



A 4 de Outubro a "Neves Ferreira" e a "Capelo" sobem o rio até Languéne onde o comandante Sá (da Neves Ferreira) convoca uma reunião do chefes e indunas da região. Aqui é apresentado um Ultimato. Em oito dias deveriam entregar os rebeldes Matijebana e Mahazul e submeter-se ao domínio português. Esta mesma mensagem é espalhada pelo comandante da Capelo em povoações da margem esquerda do Limpopo. O prazo passa, e após um reabastecimento em Xai - Xai os navios começam a retaliar em margens diferentes do rio, de Languéne para cima, 30 km, até onde era navegável.

O castigo consistia em "martelar" com metralhadoras as povoações ribeirinhas, após a qual se daria ao desembarque de parte da guarnição que incendeia as casas abandonadas. não havia tempo para concentrar forças e a resistência revelou-se fraca. a maioria dos raids restringiam-se á margem. a "Capelo" viu-se dificultada pelo caudal reduzido do rio que fazia com que encalhasse frequentemente.



É posto em terra, a 18 de Outubro, um destacamento com 36 praças, que abre o caminho até à povoação da irmã de Gungnhana, que foi incendiada e abandonada. em poucos dias incendiaram-se cerca de 120 populações e afundadas embarcações indígena.
- Lancha Canhoneira "Capelo";



Não se trata tanto de uma desculpa, mas de uma explicação, que o comissario régio dá para tais acontecimentos:
"Em qualquer país civilizado actos de guerra como estes praticados pela esquadrilha do Limpopo, alem de serem condenados pelos princípios humanitários e parecerem repugnantes a brios cavaleirosos, provocariam reacções violentas, reacções de ódio e vingança dos povos castigados pelas culpas do soberano; em África porem, não se manifestam tais reacções, porque só podem produzi-las noções elevadas de moral e sentimentos de justiça e de pundonor que falecem aos negros. as populações do Limpopo não se apertam em volta de Gungunhana para se vingarem com ele, nem sequer para lhe pedirem vingança; tratam de abandona-lo, desde que o reconheceram impotente para as defender" - António Ennes;

Esta afirmação não dever ser olhada com desdém, pois constitui uma visão da época. este torna-se o grande problema do Historiador e basicamente de qualquer outro estudioso e publico em geral, analisar as coisas pela ponto de vista das noções ocidentais do séc. XXI, tal como também faziam os ocidentais do século passado e dos séculos anteriores. Para mim é a analogia do "mundo selvagem". Quando um observador de vida animal vai para o campo, vai na condição de não interferir, pois não podemos mudar o rumo natural das coisas que acontecem na selva, ou na floresta porque temos pena de um pintainho que vai ser morto para alimentar uma raposa ou um Gnu que vai servir de alimento para um grupo de Hienas. o mesmo se deve fazer na historiografia. qualquer acto cometido no passado não deve ser julgado, mas avaliado e inserido num contexto. Por isso podem-me chamar insensível em não querer descrever o horror que sentiram as populações do Limpopo, mas a verdade é que não se trata de fazer uma historia do sentimento, mas uma historia da mentalidade e de acontecimentos. Neste caso o pintainho são os indígenas, a raposa é o império português, que fortalece a sua imagem aos olhos da Europa do séc. XIX.

Continuando e para finalizar, a 22 de Outubro já se vê o efeito das punitivas. uma serie de chefes da região apresentam-se nas margens do rio, acompanhados pela sua gente, desarmada, com intenção de abandonar Gungunhana e aceitar a soberania portuguesa. Só pedem que os portugueses os protejam de eventuais punições de Gungunhada pela troca de lados. dá-se uma pequena resistência na Ilha verde, mas no resto do Limpopo outros chefes seguirão o exemplo dos primeiros.
No dia 27 de Outubro surgem algumas forças de Gungunhana para manter a antiga vassalagem, mas são repelidas pelo fogo da Capelo. Este evento torna-se na mostra definitiva para os chefes da garantia de segurança por parte das forças portuguesas.