terça-feira, 26 de maio de 2009

Arqueologia

Circus Romanus

umas semanas, foi-me atribuído o tema do Circo Romano, para apresentação numa aula de "Clássicas". É sabido que os Romanos tinham um gosto especial por jogos, aquilo que se chama os "ludi". Porém, nem todos estes jogos se passavam no famoso Coliseu, na realidade um grande anfiteatro (o maior) que obteve o seu nome do "Colosso", estátua gigantesca erigida por Nero, que anteriormente lá se localizava, mas que, foi destruída após a declaração de "inimizade" de Nero para com o povo Romano.
De facto, os "ludi" não aconteciam só no Anfiteatro. Uma das estruturas concorrentes era precisamente o circo, não como o que nós hoje conhecemos. O nome do Circo, provem de como se movimentavam os intervenientes na sua arena, em forma de "Circuito", circundando a arena, em contra-relógio.
Então para que servia o Circo? Que jogos lá tinham lugar? Bom, a sua função primordial, como pode ser visto no filme Ben-Hur, era servir de local para corridas de cavalos, mais precisamente de quadrigas, conduzidas pelo "Aurige". Mas, a concorrência que este edifício fazia ao anfiteatro não provinha só das corridas. Os edifícios lúdicos em Roma eram polivalentes. No Circo também figuravam gladiadores, que lutavam naturalmente entre si, ou, mais frequentemente contra feras (leões, tigres, crocodilos etc.), as chamadas Venationes, que também podiam ser entre "bestas" apenas. Tudo indica que estes eventos, alem de sangrentos eram grandiosos. registo de um naufragium simulado, no qual a arena era inundada (pressupunha uma arena estanque) e depois, uma embarcação era afundada, fazendo com que as feras se soltassem e lutassem entre si. Mas outros eventos, menos sangrentos tomavam luar no circo. era frequente o uso destas arenas para a passagem de procissões, algumas para celebrar vitórias militares, outras que cultuavam o imperador. Tendo uma arena bastante longa, era natural, que por falta de espaço, la fossem organizadas feiras ou demonstrações culturais (musica, leituras etc).








1 - Circus Maximus


O circo possui, uma planta bastante especifica. Com elementos recorrentes. Tomemos o exemplo do maior circo conhecido, o Circus Maximus de Roma. Este vai ser o protótipo para a imagem do circo espalhado pelo império.
No centro da arena, um elemento sempre existente era a Spina, murete que começou talvez por ser uma divisória de terra, simples, que criava um eixo, para que as corridas fossem sempre feitas no mesmo sentido, sem risco de embates frontais, pois cavalos e escravos para correr eram caros, e convinha não os perder. A Spina, naturalmente não será deixada de lado aquando da monumentalizarão. Seriam visiveis, ao longo da sua extensão obeliscos, troféus de guerra, pequenos tesouros... ofertas de figuras publicas ao povo Romano. Eram as metae, os dois elementos localizados em cada extremidade da Spina, que permitiam a contagem das voltas, estas estavam decoradas com três postes cilíndricos, de bronze, com topos cónicos.
A forma da arena era em "U" invertido. Ou seja, uma das pontas era semi circular, e a outra, quase rectilínea (com uma ligeira curva) encerrada pelo Oppidium, uma estrutura que incluía os cárceres, as portas por onde saiam os corredores, eram 12 ao todo, no meio destes cárceres (6 de cada lado) estava uma porta, monumentalizada em época republicana, a porta Pompae, por onde entravam as procissões. O Oppdium era depois ladeado por duas torres monumentais com estátuas no topo. O outro extremo, o semicírculo não era unido, era na realmente fechado por um arco triunfal, o arco de Tito, mandado fazer em celebração da vitória em Jerusalém.





2 - Oppidium a fechar o circo, maquete de Roma;



Por fim, outro elemento importante era a Cavea, que na verdade engloba as bancadas, as estruturas subterraneas, o podium (os melhores assentos, para os "VIP" por assim dizer), o Pulvinar (local reservado ao imperador, que se torna quase um templo imperial) e o templo do sol (que assinala a presença divina na arena). Do lado de fora, os acessos á cavea eram feitos por arcadas, e percorriam-se 3 galerias até se chegar ás escadarias que levavam aos Vomitorium (saídas para as bancadas). Nas galerias podiam localizar-se lojas variadas. O aspeco exterior do circo era de 3 andares. Poderia ter um aspecto baixo, mas a sua extensão nao deixava dissimular a sua importância, a importância do que o Dionísio de halicarnasso chamou "a mais monumental estrutura em Roma".
3 - Circus Maximus

domingo, 24 de maio de 2009

Encontros

Partida

O Vapor tinha acabado de zarpar. Estava uma manha de sol. O ar abafado abatia-se sobre o estuário. Aqueles que se debruçavam sobre a amurada sentiam o trepidar dos motores, que se esforçavam para empurrar a embarcação para fora do porto movimentado. Nas docas, já a uma boa centena de metros, podia ver-se as pessoas a dispersar, tinham vindo para se despedir dos entes queridos, alguns ainda acenavam, aproveitando os últimos segundos que tinham, até a costa desaparecer, e a metrópole ficar para trás. O ritmar mecânico das turbinas ecoava por todo o convés, como barulho de fundo. Olhando para cima, o rasto de fumo da chaminé arrastava-se, e dissipava-se, podendo-se adivinhar um pouco do trajecto feito.
O "Neves D'Azulia" não era o que se pudesse chamar um navio grande, era mais um vapor médio, com tamanho suficiente para entrar em portos coloniais pouco desenvolvidos. Levava cerca de 50 passageiros de primeira classe, e uns 100 da terceira. No convés, os Cavalheiros reuniam-se junto da amurada, discutindo futuros negócios a realizar assim que chegassem ao destino, ou então discutiam a vergonhosa derrota de "Mont Blanc" por meio pescoço no hipódromo, no qual muita gente honorável apostara dinheiro e perdera. Enquanto isto, fumavam as suas cigarrilhas, e se seguravam aos seus chapéus, para que não voassem com a brisa. Por outro lado, noutro canto do "Neves", a terceira classe juntava-se, para cantar em conjunto, ou brincar ao pião com os filhos, e contar-lhes histórias sobre o local para onde iam, do primo que de la escrevera a dizer que o trabalho compensava e que lhes arranjava estadia. Que o tempo era diferente do de Portugal, o calor era tremendo, as chuvadas fortes como se o céu estivesse a desabar. As senhoras da alta classe, essas descansavam nas espreguiçadeiras, com armações em madeira e assentos em pano de linho branco sujo. Abanavam os seus leques junto à cara, já adivinhando o calor que se faria sentir pelo caminho, tecendo juízos acerca da nova terra, e dos trabalhos prometidos aos maridos.
Na ponte, o capitão Carlos de Assunção conferia o livrete de navegação, as coordenadas e tudo aquilo que necessitava de supervisão. Era um homem experiente, marinheiro desde os seus 18 anos, aprendera a navegar nos antigos barcos a vapor. contava neste momento com 58 anos, tinha já uma espessa barba grisalha, e uma ligeira calvice, que, com a excepção de jantares e missas, ocultava com o seu Boné. Tinha um nariz pontiagudo, sobrancelhas grossas e uns olhos verde-claro. A cara estava queimada pelo sol dos trópicos. Fazia-o parecer mais velho. Tirou o relógio de bolso. Eram seis da tarde, mais minuto menos minuto. Quase hora de jantar. Saiu da ponte, desceu as escadas e dirigiu-se para o salão. A porta estava aberta, e algumas pessoas se encontravam sentadas nas bem "postas" mesas redondas. A mesa do Capitão era a central. Os lugares eram organizados por camarote. Numa mesa geralmente ficavam duas a três famílias, dependendo do numero de pessoas. Com o Capitão jantavam os mais ilustres e destacados passageiros. Estavam presentes nesta viagem, o cônsul Britânico Alfred Cossman e a sua requintada esposa Lisa Cossman, que coincidentemente era de origem Portuguesa. Podia-se também contar com a agradável presença de um reverendo, o idoso Abílio Santos, a caminho da missão em Goa, junto a este sentava-se o professor Carmino, escolar destacado para fazer, como disse o capitão orgulhosamente ao longo da viagem por mais que uma vez "o prestigioso trabalho de descrever, com exactidão cientifica, a situação climática que será sentida durante toda a viagem até Goa, para a sociedade Geográfica de Lisboa", jocosamente comparava a sua presença à de Darwin, e o "Neves" era comparado ao "Beagle".
"Meu caro professor, esse relatório vai resumir-se apenas aos aspectos climatéricos?" perguntou o Sr. Cossman. "Bom, espero que não, senão era bem capaz de ficar saturado. Não. Quando a questão tem a ver com geografia, há que tecer muitos outros comentários. Espero por exemplo, incluir aspectos relacionados com o comportamento do mar, e quem sabe, fazer uma descrição de fauna e flora das zonas costeiras, se me vir com tempo para isso."
O jantar nessa primeira noite fora servido. Depois da sobremesa e dos digestivos, os homens, como era normal, subiram ao convés para fumar os seus charutos. O tema de conversa era o normal, Jogos, Negócios... As senhoras saíram do salão e foram para os corredores do barco, onde, por entre as espreguiçadeiras se encontravam umas mesas pequenas, onde era servido chá ou café. Estava uma noite clara. Ao fundo, podia ver-se o reflexo da lua na ondulação fraca. No céu azul escuro, milhares de estrelas reluziam, enquanto que por barulho de fundo existia o remexer da água pelo "Neves" e um zunido proveniente dos motores. Um fechar abrir de portas, passos no convés. Murmúrios de quem passava... era uma noite animada. Estavam todos entusiasmados pela partida. Portugal já não estava visível, há muito que a costa ficara para trás. O "Neves" era agora um pequeno ponto luminoso no deserto oceânico. Sierra Leone ainda estava á distancia de algumas semanas. A embarcação era agora o domicilio dos passageiros que rumavam para as colónias, ansiosos por verem as novas terras.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Refleções;



A Caça

Há uns tempos chamaram-me insensível por ser apoiante da caça, ao que me apetecia ter respondido de forma torta. De facto, quem diz que a caça devia ser proibida não sabe do que fala. Neste texto vou apresentar as minhas razões.

1) A nossa óbvia alimentação omnívora, na qual a maior parte é constituída por carne. Não venham com histórias de vegetarianismo, pois quer queiram quer não, a fisiologia (capacidade de digerir e metabolizar carne) e fisionomia (dentes etc.) humana é adaptada ao consumo de matéria orgânica animal. A opção totalmente vegetariana ou que não englobe bocados animais não passa mesmo disso, de uma opção de vida. Ou oito ou oitenta... Ou não comem carne, ou comem até a "gota" se instalar.

2) A ideia de que é cruel é mal fundamentada. Pelo menos se houver respeito pelas regras (limites e métodos). Claro que, armas mal aplicadas, um fraco conhecimento da fauna e baixas qualificações a nível de "saber do mato" vão criar dificuldades, não só aos humanos como aos animais. As armas actualmente são construídas para abater o animal o mais rápidadamente possível, sem causar sofrimento desnecessário ao animal. Muitas vezes basta o impacto da bala para atordoar, os danos ao tecido fazem com que a morte seja rápida. Ao argumento de que, agora com essas armas, o animal não tem hipótese, eu respondo que para se fazer tal afirmação, das duas uma, ou a pessoa é o campeão mundial de tiro com arma de caça, ou nunca caçou nem disparou uma arma. A verdade é que as armas são feitas de modo a equilibrar as forças. Começa pelo numero de munições aceites pela arma. Chegando ao máximo de 3 e ao mínimo de 1. Ora, os nossos reflexos não são, nem nunca foram tão rápidos como a maioria dos animais, nem o próprio carregar da arma consegue vencer um veado que galopa pelo morro fora, perdendo-se de vista em alguns segundos.

3) Quem diz que há métodos menos cruéis? Fala-se da caça, mas toda a gente come costeletas do porco que veio do matadouro. Já pensaram em comparar o processo de morte de um matadouro com o realizado na caça? Eu acho que é desnecessário descrever a maneira como são processados os animais nas "fabricas de carne". Porém, quando o processo envolve armas, quem o enceta é logo de aclamado como violento e bárbaro.

4) Os chamados troféus. Não me quero demorar por este assunto,pois nem tenho paciência nem cabeça para me meter em analises históricas de tradições relacionadas com a memória. O pendurar cabeças na parede, o emoldurar dentes ou empalhar animais não é mais do que a tradição de recordar. Recordar os sacrificados para que outros vivessem. Não deve ser longe da verdade, quando afirmo que desde que o homem tem consciência do acto de matar, que tenta "homenagear" o animal que luta lhe deu. O único problema é que alguns animais passaram de alimento a constituir apenas um troféu, que não será consumido, daí a frase "só os humanos caçam quando não estão com fome". A verdade, é que mesmo isso mudou. Raramente é divulgado, que depois de uma caçada ao elefante, depois do "branco" ficar com o troféu, a carne é distribuída pelas aldeias em redor. Se bem me lembro, fala-se muito de fome em África. Já na Europa, nos mitos era semelhante. Um homem, de uma tribo mais a norte vem combater um monstro que aterroriza a aldeia. Depois de vencer o monstro, leva uma recordação da épica luta. Não se trata de desrespeito!

O único problema sim, é a caça furtiva, que não obedece a leis nem regras, actua subtilmente, na calada da noite, e foca-se em animais com grande valor no mercado negro. Mas tendência em associar essa caça à caça regulada praticada com intenção de manter uma população saudável.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Pequenas Histórias

Zulu;

20th, January 1879, Isandlwana

Dear mother and father, i am finnaly able to write to you this , the whole column has been a mess lately we have been marching at fast pace. How are you? I must say, that, although this campaign has great promisse, i miss you, specially horse ridding with you sir. I am glad to hear that cousin Aemilia got engadged to Edmund, lets just hope he makes it safely from the Sudan, it seems General Gordon is doing excelent work in organizing the region, if you send Edmund a letter yourselves tell him i sent the best of luck. By the way, how his the professor? I never thought good of those terrible back sours he always had. Anyway, i would just like to say that, if you hadn´t prepared me for this sir, it would be much more difficult to withstand.
I am writing you from a place called Isandlwana, we arrived on this very day, we had a brief enconter with some Zulu savages, but we soon straightened them out, yet, reports say that there are many more to discipline. These madmen launch them selves on attact armed with simple spears. I belive all this confusion will be over before mothers birthday. All and all its not that bad here, a tad hot, mosquito net stays up all night. Sometimes when we are lucky the colour Sargent sends us to go huting, untill now i've seen soup made from every kind of antilope i know and others i didn't even thought existed. Well, thats about it, its almost time for my stake out, im going to be up half of the night, these savages like to surpirse attack on the middle of the night, but, nothing to worry about, we are in large number, it will make them think twice before attacking. Kisses and hand shakes to everyone;

Best regards;


T
ommy

sábado, 4 de abril de 2009

Pequenas Histórias




Marcha no Deserto;

Fazia calor na tenda de lona. Para ajudar a ambiente quente e seco a luz era filtrada pelo tecido grosseiro branco sujo que criava tons quentes. As paredes da tenda abanavam ocasionalmente com o vento e este fazia com que pequenos grãos de areia embatessem na lona.
Era hora de levantar. Já soara o despertar. Lá fora a correria começava. Por vezes ouvia-se algum oficial a gritar ordens. Mas era tudo abafado pelo som de tachos, motores a aquecer, peças de metal a embaterem, juntas a chiarem, passos lentos e passos de pessoas a correr.

Ao sair da tenda deparei-me com um cenário fervilhante, embora fosse-mos uma coluna pequena. Abotoei rápido a túnica e ajeitei a gola. Era cedo mas já estava a transpirar. Sentia as mãos suadas. Fui ter com o oficial de campo, perguntei-lhe que havia para fazer, mandou-me supervisionar os rapazes que estavam a carregar os caixotes de munições, no outro lado do acampamento.
Enquanto caminhava na direcção dos camiões sentia as pedras a dificultarem-me o andar. Sentia as pernas e os ombros a arder de calor. e quando inspirava o ar quente queimava-me as narinas, pareciam estar em carne viva por dentro. Passei pela coluna blindada. O barulho era ensurdecedor e o ar estava cinzento do fumo que saída dos escapes. Vi-me obrigado a tapar a cara com o boné para não me entalar com o fumo. O pessoal dos blindados corria de um lado para o outro, uns com bidões de diesel, outros com correias e chaves inglesas.
Ouvi uma porta a chiar e bater pesadamente atrás de mim, olhei e vi o Heinkl a limpar as mãos cobertas de óleo. Também me tinha visto. "bom dia, já te deram trabalho?", "que remédio, vou tomar conta das munições. Sabes para onde vamos hoje?", à minha volta ouvia motores e peças metálicas, "nem por isso, mas andam por aí a dizer que vamos para perto do Cairo, mas não sei, ainda estamos longe. Pelo menos duvido." Duas motorizadas passaram em marcha lenta por mim, contudo conseguiram levantar uma poeira fina amarelada, instintivamente semicerrei os olhos. "Bem, la vou eu...a ver se nos dizem alguma coisa, vemos-nos já" "te já".


Á minha frente estavam os camiões, cobertos de pó. Emanavam um cheiro a óleo, lembrava o cheiro das antigas estações de caminho de ferro. Ao lado estavam algumas caixas empilhadas e um grupo de soldados a conversar. Saudei-os. Imediatamente endireitaram-se e saudaram-me também. "Como vai isso?", "só faltam estas caixas meu tenente, coisa pa meia horita" "então vamos lá despachar isto". Á medida que enchiam um camião, este arrancava e dava lugar a outro. Cada vez havia mais poeira no ar. Não só pelos carros que iam e vinham, mas tinha-se levantado um vento que levantara quantidades obscenas de areia.
Demorou cerca de três horas a levantar o acampamento e a coluna formara-se.
Quando já estava tudo pronto fomos ordenados a formar. O vento acalmara, mas era agora constante e irritante. De óculos de protecção e visor na cabeça aproximou-se o General. Num tom informal disse-nos que a próxima paragem iria ser a mais difícil do trajecto. De facto, era hora de acção. A Norte de onde nos encontramos estava Tobruk. Ao fim do dia de hoje iremos cercar a pequena península. Não vamos sozinhos, juntar-se-ão a nós mais duas divisões de blindados.
Amanha Tobruk é nosso, e vamos estar mais um passo perto de expulsar os ingleses do Norte de África. O sucesso é garantido. O Marechal de Campo em pessoa vai dirigir o ataque. O discurso demorou uns dez minutos. Pareceu mais. Estávamos todos a pensar no mesmo. Ao mesmo tempo fora dada a ordem de mobilizar. O general já estava dentro do seu VolksWagen, eu dirigia-me para o meu Kublewagen. Todos os restantes veículos estavam já com os motores a rugir. Olhei para trás, e num semi-lagarta, Heinkl acenava-me, já de óculos na cara e mangas arregaçadas. Eu acenei-lhe de volta, desviei o olhar para o carro e estendi a mão até ao manipulo. Puxei-o e num guincho metálico, seguido de um baque a porta rodou nos eixos e eu pude sentar-me. Eu ia no lugar do pendura, a conduzir ia um jovem, o meu adjunto. Auxiliava-me em muitas coisas. Desde trabalhos de escritório a coisas de campo como equipar o carro e conduzi-lo.

Finalmente a coluna começou a mexer. À minha frente, o carro do general fazia com que as partículas de terra e areia saltassem para o capô do Kublewagen. durante toda a viagem ouvira as pedrinhas a bater na chapa.
Atrás de mim iam as motorizadas, que estouravam os timpanos das pessoas quando faziam subidas. Mais para trás encontravam-se os blindados, semi-lagartas, camiões de mantimentos e equipamento. A marcha começara lenta, mas pouco tempo depois entráramos numa zona em que a circulação era mais fácil, e podemos acelerar ao ponto de eu ter que fincar as unhas ao assento de modo a ficar no meu lugar, tais eram os solavancos.

Olhei em volta. Só conseguia ver deserto e mais deserto. Mas sabia de ver nos mapas que para Norte existia o mediterrâneo. E de facto viajávamos para Norte. Houve momentos em que ao longo da viajem me pareceu cheirar o mar. Talvez fosse imaginação, mas pelo facto de ter nascido nas costas do mar do norte conferia-me uma certeza de que realmente o mar não estava longe. Por um lado confortava-me, por outro deixava-me com um nó no estômago e de cada vez que pensava no que estava para acontecer um novo ardor pelo corpo fazia com que suasse abundantemente.
Rodei o tronco e olhei novamente para trás. Vi os tanques . Toda aquela tonelagem a mover-se pelas areias do deserto dava-me uma segurança estranha, uma segurança que eu sabia que não era infalível.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Animais Extinctos


Achillobator;



Reino: Animalia; Phylum: Chordata: Classe: Sauropsida Superordem: Dinosauria Ordem: Saurischia Subordem: Therapoda Familia: Dromeosauridae Genus: Achillobator Espécies: A. Giganticus, Perle, Norell & Clarck, 1999

Este Terópode Dromeossaurideo viveu onde é hoje a Mongólia, durante o cretácico Superior . Era relativamente grande, atingindo dimensões entre os 4 metros e os 6.
Foi descoberto numa expedição em 1989, mas só descrito e baptizado em 1999.
Os restos foram encontrados desarticulados mas contextualmente associados. Dos vestígios encontrou-se um maxilar superior e dentes, Vértebras de todas as secções da espinha, costelas, ossos do ombro, pélvis, membros (anteriores e posteriores).

A presença de traços primitivos na pélvis leva alguns paleontólogos a considerar o Achillobator como uma espécie "criada" de ossos pertencentes a outros animais.

Animais extinctos



Acheleusaurus;



Reino: Animália, Phylum: Chordata Classe: Saurópsida Superordem: Dinosáuria; Ordem: Ornitischia; Subordem: Margiocefalia; Superfamilia: Ceratopsia; Familia: Ceratopsidae; Subfamilia: Centrosauridae; Genus: Acheleusaurus; Espécies: A. Horneri Sampson 1995;

Ceratopsideo que viveu no Cretácico Superior, no território Norte Americano. Era quadrúpede. O focinho terminava em bico. Como todos os ceratopsideos possuía um "leque" em osso na nuca. Também no nariz e por cima dos olhos existiam protuberâncias ósseas. Os chifres localizavam-se no topo da "crista" óssea. Tamanho estimado de 6 metros de comprimento, sendo considerado assim de tamanho médio.

Foram achados 3 crânios e alguns ossos pós cranianos.

domingo, 29 de março de 2009

Acordem!

Credibilidade Histórica

Não por poucas vezes eu disse, e me disseram "Foi assim" ou "isso nunca aconteceu". A tendência para falar em momentos históricos utilizando os imperativos é geral. Ainda mais se for história recente.Quando digo recente, falo desde o século XIX (sensivelmente) até à actualidade. Pois, não poucas vezes, os "foi assim" ou "isso nunca aconteceu" estavam errados. O melhor exemplo de grande escala foi a invasão precipitada do Iraque em 2001, que, afinal, revelou pouca coisa sobre armas de destruição maciça. Mas como o petróleo por ali abundava, até deu jeito. Hoje não é contestado o interesse Americano pelo petróleo. Porém o registo oficial da invasão diz que as atitudes tomadas foram no intuito da boa ordem mundial, e é provavelmente assim que irá constar nos livros de história. Este exemplo, comparado com a escala temporal humana é mínimo. Existem outros episódios históricos "não contestados" pela população geral que, após uma análise pormenorizada, parecem ridículos e sem sentido, como as velhas histórias de "ali há dragões". Não vou referir o momento mais flagrante (ou eu pensava) da história pois as novas legislações europeias não mo permitem, porem, quando se emprega a lógica a certos momentos históricos, estes são de tal maneira "descontruidos" que toda a restante percepção histórica é afectada. No meu caso vi-me perante uma tal descrença de alguns episódios que se me destabilizou toda a noção histórica que eu tomava por certa. Tal foi o abalo que eu senti que comecei a ver a história como um monte de contos à espera de serem verificados, pois não digo que todos sejam falsos, mas quando até os pormenores quotidianos nos são contados, é de "torcer o nariz". De facto, as variáveis são tantas que não se pode tomar todos os pormenores como certos. "Só sei que nada sei" não é verdade? pois na minha experiência isto aplica-se tanto à pré-historia como ao dia de ontem. Desde que algo entra na história que não se pode ter certeza do que aconteceu, e nesse caso, não se pode fazer o que eu chamo os "julgamentos históricos", os tais "foi assim" e "isso não aconteceu" e mesmo aqueles "havia de ser comigo", pois estamos a falar num tempo deslocado, numa cultura diferente, da qual a nossa sofreu várias mutações. Os povos "mães" podem ter sido os mesmos, mas as culturas, daqui à Ásia são todas diferentes, quando muito podem dizer-se semelhantes. Logo se as realidades variam no espaço, ainda mais variam no tempo.
Por isso eu peço, por muito realistas que pareçam os relatos históricos, não façam "julgamentos históricos", pois histórias geram históricas, um ponto vai sendo acrescentado, no final temos rumores misturados com factos. É isso que a nossa História é...
Já chega...

"...o que é a História senão uma fábula com a qual se concordou?" - Napoléon Bonaparte;

A Confusão das "Coisas"


Sensação de desespero por não perceber.


É o que sinto depois de ver o telejornal. Vai desde o conteúdo noticioso á estrutura "hierárquica" por assim dizer, dada ás reportagens. Parece, ao fim da noite algo surreal. Há umas semanas foi anunciado que, por um preço exorbitante, (cerca de mil milhões?) seria possível construir um troço de 20km de linha do TGV. Pois... Para quê? Não sou economista, mas num país em crise, uma quantia como mil milhões por 20km soa-me a exagero... acho que pouca gente se apercebeu que em vez de estar a tratar de estabilizar o país, estamos é a "polir" a nossa imagem perante a união europeia. A desculpa é sempre mesma. É necessário fomentar o turismo. Naturalmente um meio rápido de comunicação como o TGV iria permitir que mais e mais cidadãos europeus entrassem em Portugal. Tudo muito bem. Mas parecem faltar as bases. Parece não haver cuidado com a imagem dos locais a visitar. Em Lamego, os muros da igreja de sta. Maria caem e por todo o norte português os velhos Castros são vandalizados. Poucos países tem o potencial turístico que Portugal tem, mas em vez de se erguer um bandeira Portuguesa nos nossos monumentos deixa-mo-los ao abandono. Mas tudo parece passas por despercebido, tendo em conta que os escândalos que mais se vêem na televisão são sobre árbitros que "roubam" ou jogadores que trocam de namorada. Já não consigo ver um único telejornal sem sentir vontade de praguejar. Há sempre um segmento a falar sobre futebol... e a partir desse momento mudo de canal pois sei que até ao final do jornal o tem será futebol. Honestamente, começo desistir das coisas. A sensação é de inutilidade. Fala-se mas nada acontece. Há um desconhecimento geral da população em como actuar. Queremos "ajudar", prevenir, alertar, mas não sabemos como. Por exemplo, ocorreu-me uns meses ir a caminhar pela avenida Brasil e deparar-me com uma placa de sinalização de ciclovia, situado num passeio largo, o mesmo passeio possui pinos restritivos a veículos. Ora, se os carros não podem circular no passeio, o poste terá tombado de outro modo, que não acidente por viatura. Ou fora mal colocado, e um vento extra o derrubara, ou algum grupo de "engraçadinhos" se lembrou, à saída da discoteca, de "mexer" com o poste. Pois enquanto eu passava perto do poste, ao mesmo tempo um carro patrulha passa na estrada. A mim pareceu-me que nada viram. A verdade é que me ocorreu avisar alguém. Mas quem? e para que numero. certamente há de haver algum orgão de gestão dos elementos públicos destacado para tais situações. este é apenas um exemplo simples. pelo menos em Portugal é simples, pois não se vê nada assim em outros países Europeus avançados. Bem sei que não é possível andar sempre "em cima de tudo", mas a mim, e certamente a muita gente que conheço, parece haver um sentimento geral de "não me interessa!"...
Passamos de um país com orgulho em mostrar a bandeira, para um em que o bom é "imitar os outros", mesmo que as "coisas" sejam descontextualizadas culturalmente. Enquanto escrevia isto não me envergonha dizer que um rol de palavrões injuriosos me passaram pela mente. O problema é...dirigi-los a quem? Será que a culpa é mesmo dos políticos? são assim tão tapados? será dos bolsistas? dos estrangeiros? o que raio afinal é que esta a acontecer? se as pessoas estão confusas (eu sei que estou) é porque há uma falha qualquer de comunicação. Uma falha geral. Sabe-se que os problemas são graves e complicados...mesmo delicados, mas o que se faz para os resolver? certamente haverá um relatório visitável pelo cidadão em que se possa saber as medidas que o governo toma e o que se espera dessas medidas... mas como aceder a esse relatório? Ou eu sou muito burro também, ou muita gente anda mal informada.

É a confusão das "coisas"