sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Campanhas de Pacificação VI

( Batalha de Coolela);


A chama da Vitória;


Em Agosto, António Ennes dá ordem para avançar para Manjacase, mas durante algum tempo tudo o que se faz são algumas expedições que visam "limpar" a área em redor. Cria-se um "enclave" de 10km por 25 no território de Gaza na margem direita do Chicomo. mas não era este o desafio da coluna norte. O seu objectivo era atingir o centro do poder Vátua

Gungunhana joga pela defensiva, enviando aos postos emissários com promessas de capturar os rebeldes para os entregar aos portugueses, mas acrescenta que não acha possível fazê-lo. da mesma maneira, são enviados a Durban e ao Cabo emissários a pedir protecção da coroa inglesa, mas a resposta é sempre negativa.

Outubro contempla uma tropa imóvel. dá-se uma troca intensa de telegramas. António Ennes é claro nas suas mensagens. Quer um ataque imediato, mas o Coronel Eduardo Galhardo recusa por falta de bois e carros capazes de percorrer a distancia até Manjacase. Devido á estagnação da área e das doenças, o numero de doentes, na coluna aumenta, indo de uma centena a 300 em finais de Outubro. Em Setembro 50% da coluna é dada como doente. A 28 de Setembro é inaugurado o forte de Chicomo.

A hesitação do Coronel Galhardo é quebrada a 4 de Novembro, com a aproximação da época das chuvas. Neste ponto a força consiste em cerca de 600 europeus e umas centenas de auxiliares. Muitos outros desertaram. O corredor até Manjacase 2 é curto mas com percalços e extremamente fatigante. os acampamentos são formados longe dos povoados e em zonas com campo de tiro desimpedido.

A 6 de Novembro o ultimo acampamento é erguido nas margens da lagoa de Coolela. Coolela fica a poucos quilómetros de Manjacase 2, a coluna manteve-se por Coolela devido à má qualidade das atrelagens.

Na madrugada do dia 7 de Novembro a coluna desperta pelas 4h, como de costume distribui-se café e rancho frio. mantém-se a formação em quadro durante uma hora. Por volta das 5h o Coronel Galhardo ordena que se forme a coluna para recomeçar o avanço. com as peças engatadas e a cavalaria e auxiliares na frente esta tudo pronto para partir, quando a 250m se avistam, a avançar em passo rápido as mangas inimigas que surpreendem os Portugueses.

As peças são então desengatadas a pressa e colocadas no quadro que felizmente ainda estava formado. As forças inimigas provêm do centro do poder Vátua e são comandadas por Mahougné e os chefes de mangas eram dois filhos do Gungunhana e um tio. Não se consegue avaliar ao certo a força inimiga, mas os números vão dos 8.000 a 20.000 e pelo menos 3.000 estavam armados. A relação de forças seria de 1 para 20. felizmente o quadro português não foi totalmente desfeito.

Os rebeldes encetam um ataque clássico, massivo em frentes (frente, esquerda e retaguarda) com mangas compactas que são seguidas por grupos de atiradores. Os auxiliares em pânico tentam entrar para dentro do quadro, mas são repelidos a coronhada. a primeira face a sofrer o ataque é a frontal, e abre fogo à ordem do Coronel Galhardo. Os oficiais percorrem as faces do quadro de modo a regularizar as descargas que começaram por ser precipitadas. Aqui o Coronel demonstra a sua coragem física, ao dar ordens calmas, em cima do seu cavalo, com um charuto no canto da boca. Depois de algum tempo é ordenado um cessar fogo para que o fumo se dissipe. os Vátuas, achando isto uma hesitação fazem com que as duas mangas mais próximas ataquem com força contra a face esquerda numa investida, aparentemente suicida.

António Machado afirma que, os atacantes tombavam a cerca de 30 a 40 metro do arame. Há uma grande eficácia na artilharia. No segundo cessar fogo já as mangas tinham recuado consideravelmente. A retirada dá-se depois de uma insistência de descarga, e a retirada converte-se em fuga. Os auxiliares que se tinham mantido deitados no chão fora do quadro partem em perseguição e regressam com varias armas abandonadas.

O ataque durou cerca de 40min, foram gastos 6775 cartuchos, 45 granadas de artilharia de montanha e 46 para as peças Gruson.
Os portugueses sofrem 5 mortos e 24 feridos e mais de 9 auxiliares feridos. As baixas do inimigo são avaliadas entre 600 a 1500 soldados.

Após esta derrota, Gungunhana mete-se numa carroça e foge de Manjacase 2 que é abandonada sem defesa. Infelizmente,o Coronel Galhardo retoma as hesitações e manda manter o quadro durante o resto do dia e envia uma pequena força para Chicomo para trazer víveres. esta força é liderada por Mouzinho de Albuquerque que consegue evitar que esta pequena missão fosse um risco inútil. Mas, apesar da rapidez com que cumpriram já se registavam doentes no quadro.

Quatro dias após o combate, O Coronel Galhardo decide recomeçar o avanço. No dia 11 de Novembro encontram-se a 2km de Manjacase. O comboio dos feridos é deixado na margem esquerda do rio Manguanhana, o restante da força avança sobre Manjacase. antes da infantaria investir procede-se a um bombardeamento. Não encontram resistência. No final da tarde, Manjacase é um mar de chamas.

O que fazer agora? Era hora de "depor" o rei Rebelde.

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